Segue abaixo a análise do filme do Tempos Modernos que estou
passando em sala de aula para os alunos do 2º Ano A, B, C e D e 3º Ano
A, B, C, D e E. Notamos que os nossos alunos gostaram do filme em
questão, foi um bom aprendizado para todos e todas alunos da nossa
Escola Etelvina Gomes Bezerra.
Professor Danúsio ALMEIDA
Filosofia e Sociologia.
ANÁLISE DO FILME TEMPOS MODERNOS
O filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, foi lançado em 1936,
momento em que ainda se viviam os efeitos da Grande Depressão, provocada
pela crise de 1929, período marcado por dificuldades econômicas,
desemprego, perseguições políticas e intolerância racial. Por isso, há
cenas de passeatas de trabalhadores, filas de desempregados, fome dos
mais humildes e falta de apoio do Estado.
Quando o filme foi
lançado, o cinema ainda era bastante recente. A maior parte das
produções cinematográficas que existia até então narrava histórias de
amor ou de aventura. Charles Chaplin ficou muito conhecido pela
personagem Carlitos, o vagabundo, que criou em 1914. A última aparição
dessa personagem e a primeira vez em que se ouviu sua voz ocorreram
justamente em Tempos Modernos, a primeira película sonorizada do autor.
Esse personagem e o filme têm grande relevância na carreira do autor,
pois representava na época o retrato dos mais fracos, dos mais humildes,
da classe trabalhadora.
Na segunda metade do século XIX, o
pensador alemão Karl Marx – criador das teorias acerca do socialismo
científico – já denunciava o fenômeno da coisificação ou reificação
existente nas sociedades capitalistas. Segundo Marx, as relações sociais
que aproximam as pessoas se transformam quase que exclusivamente em
relações de troca, de interesse, gerando um processo de desvalorização e
desumanização do ser humano, que passa a ser visto como “coisa”, como
objeto. Tempos Modernos dialoga com a teoria, visto que denuncia a
coisificação do ser humano, porque o homem não é visto como pessoa, mas
como uma peça na engrenagem da produção industrial. O aumento da
velocidade das máquinas, o automatismo desenfreado, a monitoração nos
banheiros e a máquina de comida são alguns dos exemplos de como o ser
humano é desvalorizado como pessoa.
As cenas que envolvem a
invenção da máquina de comida provocam reflexões a respeito não só da
supremacia da máquina e da tecnologia, mas também do impacto social
provocado por ela. A crítica que pode ser constatada nas cenas é a
sátira na crença de que as máquinas são infalíveis na substituição da
mão-de-obra humana. Além disso, satiriza a ganância dos patrões, que
querem retirar do operário até o horário de almoço. Percebe-se, ainda, a
contradição social que é apresentada na invenção de novas máquinas,
considerando-se a situação dos trabalhadores da época, afinal não há
trabalho para todos, mas os cientistas continuam a inventar máquinas que
substituem o trabalho manual de seres humanos. Sob este aspecto, o
filme é atualíssimo, já que fenômeno semelhante ocorre hoje em
decorrência da tecnologia dos computadores.
Essa produção
cinematográfica pode ser comparada a programas do tipo reality show,
como Big Brother, e ao filme Matrix – a cena do patrão que monitora os
banheiros assemelha-se aos programas de reality show -, pela invasão à
privacidade. Com Matrix, o filme guarda certa identidade ao imaginar uma
sociedade controlada pelas máquinas e pela tecnologia.
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