domingo, 11 de abril de 2010

Utopia de Morus por Danúsio José de Almeida Cavalcante (UFC Humanas)

Quem foi Morus?

Morus nasceu em Londres em 7 de fevereiro de 1478. Seu pai queria que o filho seguisse carreira na jurisprudência. Thomas Morus, também podemos chamar de Thomas Moore, Chanceler da Inglaterra, nasceu em Londres em 1478 . Filho de juiz do rei, foi aos quinze anos colocado como pagem do Cardeal Morton, Arcebispo de Cantuária. Tratava-se de uma posição ideal para que pudesse ter um protetor. Em 1497 terminou seus estudos em Oxford, onde conheceu Erasmo de Roterdam. Fez durante três anos o curso de Legislação, ao mesmo tempo em que se preparava para exercer a Advocacia. Também chegou a considerar com seriedade a idéia de ordenar-se sacerdote. William Roper fala que More viveu quatro anos com os cartuxos, a mais rigorosa ordem monástica do Ocidente. Em fins de 1504 fechou as portas do sacerdócio casando com Jane Colt. Onde teve quatro filhos com esta. Depois casou com Alice Middleton. Progrediu na Advocacia. Foi membro do parlamento em 1504. Representante de Londres em 1510. Em 1517 conselheiro de Henrique VIII. Em 1529 chegou ao posto de Chanceler da Inglaterra. Em 1520 editor crítico literário de Marinho Lutero.

A OBRA
Publicado em 1516, Utopia de Morus, é um dos livros que mais influenciou a Filosofia Moderna e a Literatura do Ocidente. É uma das mais obras perfeitas obras do renascimento. O autor denominou o termo”Utopia” que significa em grego (nenhum lugar) e sua descrição de uma sociedade comunista imaginável, que serviu de inspiração a geração de reformadores políticos.
Hoje, Utopia continua despertando grande interesse debates nas Universidades no mundo todo. Ao iniciar a leitura do livro, o navegante cuja descrição da nova ilha pretende apresentar no livro, tem o nome de Hitlodeu (Em grego significa “especialista em disparates”). As paginas introdutórias não vêm seguidas por uma descrição de Utopia, mas por uma discurssão acerca da conveniência ou não de Hitlodeu de ingressar na vida política.
Sobre certos aspectos, a República de Utopia revelar-se um lugar agradável. Não existe fome, não falta habitações. A República é igualitária. O debate político fora da Assembléia Popular constitui crime. O cidadão precisa da autorização para viajar. A sociedade em que More vivia era hierarquizada. Utopia é uma obra enigmática.


Saudações de Morus a Peter Giles


Caro Peter Giles,

Envergonho-me enviar-vos este livro sobre a República utopiana. Não tive dificuldade em escolher o tema e nem me preocupei com a organização. Com efeito, a verdade é única qualidade a que almejei ao escrever este livro.
O trabalho de fazer este tema teria exigido muito esforço. Embora pequena tal tarefa me foi tornado impossível devido ao número maior de obrigações. Quase todo dia fico dedicado aos negócios alheios. Não sobrando tempo para meus estudos.
O tempo que me reservo é aquele que roubo ao sono e á alimentação, ainda com atraso fui capaz de terminar Utopia. Espero informar-me se existe algo que me tenha escapado.
John Clement suscitou em meu espírito uma grande dúvida que possa nos dar provas de um extraordinário saber do grego e do latim. Porém, Hitlodeu afirmou que a ponte sobre o rio Anidro tinha um comprimento de quinhentos passos. Neste livro, preocupei-me em evitar as inverdades, eu prefiriria enganar-me com sinceridade a afirmar algo em que não creio. Prefiro a sinceridade á exatidão.
Um outro problema surgiu-me em que região do Novo Mundo encontra-se Utopia. Existem várias pessoas que desejam ir a Utopia. Um professor de Teologia, movido por um desejo de fomentar o avanço de nossa religião. Decidiu próprio Papa que o enviasse, nomeando bispo de Utopia.
Meu caro Peter entreis em contato com Hitlodeu – para que possamos assegurar que minha obra nada contenha de falso – caso tenha cometido algum engano. Não agradaria ao trazer à público Utopia, viesse a privar-lhe. E ao seu relato, de todo saber de novidades.
São tantas as diferenças de gosto, há indivíduos de índole severa, de espírito ingrato e de capacidade de discernimento que não parece haver razão para publicar um livro. A cultura é coisa estranha á maior parte dos homens. Os ignorantes rejeitam como difícil o que não seja a perfeita imagem de sua ignorância. Alguns leitores só apreciam os autores antigos; a maior parte vê valor, sobretudo nas próprias obras. Alguns porcos fogem da sátira como foge da água o homem mordido por um pão hidrófobo. Tais indivíduos consomem seu tempo nas tavernas, enquanto se embriagam de cerveja, pronunciando acerca da inteligência dos escritores.
Por fim, alguns homens são tão ingratos, quando se deleitam com uma obra, isso em nada lhes faz aumentar a estima pelo autor. Meu caro Peter, tereis a bondade de falar com Hitlodeu acerca do assunto. Quanto á publicação, espero podemos contar com a benção de Hitlodeu. Adeus Peter Giles: O meu afeto por nós é maior a dia cada dia que passa.

LIVRO I
O rei Henrique VIII da Inglaterra e o príncipe Carlos de Castela tinham uma séria divergência na arte de governar. Enviou-me a Flandres para resolver este problema, junto com meu amigo Cuthbert Tunstall (Cargo de arquivista-mor do reino ).
Encontramo-nos em Bruges com os embaixadores de Castela. Seu líder era o Prefeito de Bruges. Contudo, a figura de maior sabedoria era Georges de Themsecke, excelente orador e gosto pelo estudo. Depois de algumas reuniões não tínhamos chegado a um acordo, porém, tomei a iniciativa de visitar Antuérpia para cuida de certos negócios meus. Onde foram muitos os visitantes, onde o mais agradável foi Peter Giles, É respeitado e ocupa cargo importante na Cidade. Grande era a minha saudade da Inglaterra, mas com a companhia de Peter acabava esquecendo a minha terra.
Um dia quando assistia á missa na Catedral de Notre Dame, onde começava a voltar para o Hotel quando deparei com Peter Giles. Estava conversando com um ancião. Peter afirmou:
- Vedes aquele homem? Perguntou Peter.

- Terei grande prazer em conhecê-lo.

- Peter fala : Depois de conhecê-lo, pois não existe no mundo outro homem capaz de contar histórias a respeito de terras estranhas e seus habitantes.

O nome dele é Rafael Hitlodeu – homem de saber. Conhece bem o latim e grego. Co interesse em filosofia, estudou bastante grego. Queriam conhecer o mundo, juntou-se a Américo Vespúcio. Rafael o acompanhou nas três últimas viagens. Levaria tempo para falar tudo o que Rafael nos contou sobre os lugares que conheceu: porém não é esse o propósito da presente obra. Não perguntamos se tinha visto algum monstro, pois os monstros deixaram de ser novidades. Não é fácil, porém, encontrar exemplos de sistemas sociais justos e sábios. No Novo Mundo Rafael tomou conhecimento de sistemas de leis onde teriam muito a ensinar as nossas cidades, raças e reinos. O meu objetivo consiste em repetir a que Rafael nos contou sobre as leis e os costumes em Utopia.
De início, Rafael passou a discutir as características das legislações do Novo e Velho Mundo. Bem, disse Peter: “Sois livre para pensar como vos parecer melhor, mais creio ser essa a melhor maneira de ajudar as outras pessoas”. É obvio caro Rafael, que não estais interessado em dinheiro ou poder, agireis de acordo com essa admirável atividade filosófica caso aplicasse talento e energias aos negócios públicos. O melhor modo consiste em confiar Em algum rei. O nosso conhecimento teórico é tão grande quanto á vossa experiência pratica.
Não sou qualificado quanto pareceis pensar. A crença em que as opiniões são as certas é algo que faz parte da natureza humana. Estamos sempre dispostos a não acatar as mais sábias decisões dos antigos e aferramos loucos ao que nos deixaram de menos inteligente. Durante o tempo em que lá estive, fui tratado com generosidade pelo arcebispo de Cantuária John Morton. Era duro com os que o procuravam em busca de cargos. Para ele, a inteligência e presença de espírito eram fundamentais para o desempenho dos cargos públicos.
Um dia, jantava com o cardeal, estava á mesa um advogado inglês. Este falava sobre as rigorosas medidas que eram tomadas contra os ladrões. Afirmavam que não entendia como tantos ladrões continuavam a surgir em que tão poucos escapavam ao enforcamento. Eu disse: O pequeno furto não é crime grave que mereça a pena de morte. A esse respeito, vós, os ingleses, assemelhais aos maus professores, para os quais é melhor bater nos alunos do que ensiná-los.


LIVRO II

A ilha de Utopia mede trezentos e vinte quilômetros. Forma um círculo de oitocentos quilômetros de circunferência. Podeis imaginar a ilha como uma espécie de crescente cujas extremidades são divididas por um estreito de quase dezoito quilômetros de largura. Graças a este desenho, todo o interior da ilha pode ser usado como porto. A entrada do porto é perigosa devido á presença de muitas rochas. Existem portos do outro lado da ilha, mas todos são reforçados, natural ou artificial, basta um pequeno grupo de homens para impedir o desembarque de uma grande força armada.
A ilha tem cinqüenta e quatro cidades, onde nelas todas falam a mesma língua, têm os mesmo hábitos e vivem sob as mesmas leis. Uma vez por ano, cada cidade envia um de seus mais velhos e sábios cidadãos para um encontro em Amaurot. O território de cada cidade se estende por pouco mais de trinta quilômetros em todas as direções ao seu redor. Nenhuma cidade tem a menor intenção de ampliar seus limites territoriais, pois o solo é visto como terra a ser cultivada e não como propriedade.
Os agricultores são responsáveis pelo cultivo da terra, pela criação de gado e pela derrubada da madeira e remessa de toda a produção para as cidades, por terra, por mar, do modo como as condições locais mais favoreçam.

Suas cidades, especialmente Amaurot

Quem conhece uma cidade conhece todas, pois são idênticas quanto à geografia permita. Escolho Amaurot, pois anualmente é realizado o conselho, onde confere uma importância especial. Amaurot foi construída na encosta de uma colina de inclinação suave e quadrangular. Ao longo de três quilômetros até o rio Anidro. A cidade é ligada á outra margem do rio por uma ponte em arcos de pedra. Esta ponte fica na cidade. É cercada por uma alta e sólida muralha com torres e fortins a intervalos regulares. Cada casa tem uma porta principal que dá para a rua e uma porta dos fundos que dá para o jardim. Nenhuma das portas é fechada a chave. Assim, todos podem entrar e sair.

Seus oficiais

A população é dividida em grupos de trinta famílias; anualmente elegem um funcionário denominado sifogante. Hoje é chamado de filarca. Cada dez sifogantes representam um traníboro. Cada cidade tem duzentos sifogantes responsáveis pela eleição do príncipe. O príncipe conserva o cargo por toda vida.

Suas ocupações

A agricultura é um trabalho de mulher e de homem. Faz parte da educação das crianças, adquirem noções gerais nas escolas e depois vão pó-las em prática em excursões pelos campos vizinhos. Além disso, uns aprendem a tecer a lã ou linhos, outros se tornam pedreiros, ferreiros e carpinteiros. Não existem alfaiates ou costureiros. A função principal dos sifogantes é cuidar para que ninguém fique entregue ao ócio, e para que todos exerçam com empenho suas funções.

Relações sociais e de negócios

Quando uma jovem cresce e se casa, vai juntar-se à família do marido. Se o chefe torna senil será substituído pelo que mais aproximar da cidade.

As viagens dos utopianos

Quando um deles desejar visitar um amigo que mora em outra cidade, a permissão é concedida pelos sifogantes. Não existem viajantes solitários: as viagens são feitas em grupos. Não é preciso levar bagagem, onde esteja um utopiano estará sempre em casa. Quando alguém fica num lugar por mais de vinte quatro horas, deve dedicar uma parte desse dia ao exercício de sua profissão.

Escravos

Os utopianos só submetem à escravidão os prisioneiros capturados em guerras nas quais os próprios habitantes de Utopia saíram à lutar. Os filhos de escravos não nascem como escravos. A escravidão é um castigo imposto aos utopianos acusados de crimes ou aos estrangeiros condenados à morte. Outro tipo de escravo é o estrangeiro pobre que vem oferecer-se como escravo em Utopia. São tratadas com respeito.

Guerras

Guerrear é uma coisa que os utopianos abominam por inteiro. Dizem que se trata de uma atividade indigna do ser humano. Os utopianos não vê nada de glorioso na guerra. Os dois sexos recebem treinamento militar em determinados períodos do ano, em caso de necessidade estejam habilitados para o combate.

As religiões de Utopia

Há várias formas de religião em Utopia. Há os que adoram o Sol; os que adoram a Lua e até mesmo os que adoram o Planeta. Há os homens muito bons que são considerados como divindade. Apesar de toda a diversidade de crença, todos concordam que existe um ser supremo, criador e senhor do universo. Onde se refere à Mitra.

Referência Bibliográfica

1. Thomas Morus, Editora Martin Claret.
2. OS PENSADORES, MORE Editora Abril.
3. Utopia, Thomas More, Editora Martins Fontes



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