Os professores do Estado do Ceará estão numa luta justa. Fazia algum tempo que eu não via um movimento grevista por tão justas razões. Vamos à primeira: existe uma lei que estabelece um piso nacional para os professores, piso este que o Estado do Ceará se pronunciou contra e que a Justiça mandou pagar. Segundo motivo: o Estado de forma pouco cordata juntou tudo que é gratificação e disse: pronto, o piso está aqui. Terceira causa: criou um sistema tão inadequado para um profissional que quer seguir carreira no magistério que eu fico imaginando o que tinha na cabeça o técnico que engendrou tal proposta. E pior, como é que um governante apoia tal arrazoado e o defende.
E vamos às razões pelas quais a proposta não é boa: 1) O Governo no Estado do Ceará está confundindo vocação com expectativa profissional. Mesmo gostando de exercer uma profissão e tendo uma intensa consciência social, um ser humano precisa ter a sensação de crescimento profissional e estímulo financeiro passa, sim, pela cabeça de qualquer pessoa que cresce profissionalmente. Remunerar com um acréscimo de R$ 90, R$ 180 e R$ 270 o professor que faz uma especialização, um mestrado e um doutorado respectivamente, difícil é encontrar um adjetivo que combine com isso. Talvez o melhor seja mesmo desânimo. Isso é péssimo para o próprio Estado que prescinde de profissionais qualificados. O papel do Estado é incentivar a continuidade da formação. 2) Valorizar o desempenho profissional dissociado do aperfeiçoamento acadêmico é um blefe. Do jeito que é posto parece que o desempenho se transforma num sistema de vigilância profissional, arguida pelo chefe imediato. Quem não é mais criança sabe o que isso significa. 3) Pelo discurso governamental, o servidor público, de um modo em geral, parece ter de parar no tempo e conformar-se com o que o governante da vez quiser, ignorando a rígida seleção que o próprio Estado impõe aos seus funcionários. A impressão que passa é que a criatura precisa de favores governamentais, porque é um coitado que não conseguiu fazer outra coisa na vida. Isso é um grande engano. Para um governo, isso é autoengano.
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