MAQUIAVEL, N. O príncipe.
Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.
A partir da
análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas,
Maquiavel define o homem como um ser
a) munido
de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.
b) possuidor
de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.
c) guiado
por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.
d) naturalmente
racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.
e) sociável
por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.
2.
(2013) Para
que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja
contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos
principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer
leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências
dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário,
atuando de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não
existe se uma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.
MONTESQUIEU, B. Do espírito
das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado).
A divisão e a
independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver
liberdade em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que
haja
a) exercício
de tutela sobre atividades jurídicas e políticas.
b) consagração
do poder político pela autoridade religiosa.
c) concentração
do poder nas mãos de elites técnico-científicas.
d) estabelecimento
de limites aos atores públicos e às instituições do governo.
e) reunião
das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governante eleito.
3.
(2013) O
edifício é circular. Os apartamentos dos prisioneiros ocupam a circunferência.
Você pode chamá-los, se quiser, de celas. O
apartamento do inspetor ocupa o centro; você pode chamá-lo, se quiser, de alojamento
do inspetor. A moral reformada; a
saúde preservada; a indústria revigorada; a instrução difundida; os encargos
públicos aliviados; a economia assentada, como deve ser, sobre uma rocha; o nó
górdio da Lei sobre os Pobres não cortado, mas desfeito — tudo por uma simples
ideia de arquitetura!
BENTHAM, J. O panóptico.
Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
Essa é a proposta
de um sistema conhecido como panóptico, um modelo que mostra o poder da
disciplina nas sociedades contemporâneas, exercido preferencialmente por
mecanismos
a) religiosos,
que se constituem como um olho divino controlador que tudo vê.
b) ideológicos,
que estabelecem limites pela alienação, impedindo a visão da dominação sofrida.
c) repressivos,
que perpetuam as relações de dominação entre os homens por meio da tortura
física.
d) sutis,
que adestram os corpos no espaço-tempo por meio do olhar como instrumento de
controle.
e) consensuais,
que pactuam acordos com base na compreensão dos benefícios gerais de se ter as
próprias ações controladas.
4.
(2012) TEXTO
I
Anaxímenes de
Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e
existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se
dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As
nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas,
transformam-se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra,
e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras.
BURNET, J. A aurora da
filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).
TEXTO
II
Basílio Magno,
filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no
princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em
face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os
quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os
Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão a impressão de
quererem ancorar o mundo numa teia de aranha”.
GILSON, E.; BOEHNER, P. História
da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).
Filósofos dos
diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo,
a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego
antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação
teorias que
a) eram
baseadas nas ciências da natureza.
b) refutavam
as teorias de filósofos da religião.
c) tinham
origem nos mitos das civilizações antigas.
d) postulavam
um princípio originário para o mundo.
e) defendiam
que Deus é o princípio de todas as coisas.
5.
(2012) Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto
de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto
sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo.
Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo:
Odysseus, 2012 (adaptado).
O
texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da
Doutrina das Ideias de Platão (427–346 a.C.). De acordo com o texto, como
Platão se situa diante dessa relação?
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são
inseparáveis.
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação
não.
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à
razão.
6.
(2012) Não
ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é
decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias,
devido às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais
escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o
nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos
nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra
metade.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe.
Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).
Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do
poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu
pensamento político e o humanismo renascentista ao
a) valorizar
a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo.
b) rejeitar
a intervenção do acaso nos processos políticos.
c) afirmar
a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.
d) romper
com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem.
e) redefinir
a ação política com base na unidade entre fé e razão.
7.
(2012) É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a
liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o
que é independência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo
o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem,
não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder.
MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997
(adaptado).
A
característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito
a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as decisões por si mesmo.
b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às leis.
c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre
da submissão às leis.
d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde
que ciente das consequências.
e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores
pessoais.
8.
(2011) O brasileiro tem noção
clara dos comportamentos éticos e morais adequados, mas vive sob o espectro da
corrupção, revela pesquisa. Se o país fosse resultado dos padrões morais que as
pessoas dizem aprovar, pareceria mais com a Escandinávia do que com Bruzundanga
(corrompida nação fictícia de Lima Barreto)
FRAGA, P. Ninguém é inocente. Folha de S. Paulo. 4 out. 2009
(adaptado).
O distanciamento entre “reconhecer” e
“cumprir” efetivamente o que é moral constitui uma ambiguidade inerente ao
humano, porque as normas morais são
a) decorrentes da vontade
divina e, por esse motivo, utópicas.
b) parâmetros idealizados,
cujo cumprimento é destituído de obrigação.
c) amplas e vão além da
capacidade de o indivíduo conseguir cumpri-las integralmente.
d) criadas pelo homem, que
concede a si mesmo a lei à qual deve se submeter.
e) cumpridas por aqueles que
se dedicam inteiramente a observar as normas jurídicas.
9.
(2010) Na ética contemporânea, o
sujeito não é mais um sujeito substancial, soberano e absolutamente livre, nem
um sujeito empírico puramente natural. Ele é simultaneamente os dois, na medida
em que é um sujeito histórico-social. Assim, a ética adquire um
dimensionamento político, uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser vista
e avaliada fora da relação social coletiva.
Desse modo, a ética se entrelaça,
necessariamente, com a política, entendida esta como a área de avaliação dos
valores que atravessam as relações sociais e que interliga os indivíduos entre
si.
SEVERINO. A. J. Filosofia. São Paulo: Cortez, 1992
(adaptado).
O texto, ao evocar a dimensão histórica do
processo de formação da ética na sociedade contemporânea, ressalta
a) os conteúdos éticos
decorrentes das ideologias político-partidárias.
b) o valor da ação humana
derivada de preceitos metafísicos.
c) a sistematização de valores
desassociados da cultura.
d) o sentido coletivo e
político das ações humanas individuais.
e) o julgamento da ação ética
pelos políticos eleitos democraticamente.
10. (2013) A felicidade é portanto, a melhor, a mais
nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar
separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a
mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos
estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a
melhor, nós a identificamos como felicidade.
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das
Letras, 2010.
Ao reconhecer na
felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica
como
a) busca por bens
materiais e títulos de nobreza.
b) plenitude
espiritual a ascese pessoal.
c) finalidade das
ações e condutas humanas.
d) conhecimento de
verdades imutáveis e perfeitas.
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento
público.
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