Os quatro advogados teriam se apropriado
indevidamente de R$ 631.321,31. A maioria das vítimas seriam moradores
pobres da zona rural de Trairi. Três foram presos na manhã de ontem e
uma não foi encontrada
Três advogados foram presos ontem, durante a operação Trairi Limpo
IV. Após denúncia do Ministério Público Estadual, o juiz Fernando Teles
de Paula Lima determinou a prisão de quatro advogados que atuavam desde
2009 em esquema criminoso, no qual se apropriavam indevidamente de
indenizações de seus clientes, em sua maioria pobres, moradores da zona
rural de Trairi, a 124,5 quilômetros de Fortaleza.
Guilherme
de Araripe Nogueira, José Eloísio Maramaldo Filho e Manoel Carneiro
Filho foram detidos ainda pela manhã. A advogada Caroline Gondim Lima
não foi encontrada no endereço dela, no momento do cumprimento do
mandado de prisão preventiva. As informações são do MPE e do Tribunal de
Justiça do Estado do Ceará (TJ-CE).
De acordo com o MPE,
foram 21 crimes de apropriação indébita. Os réus se apropriavam dos
valores pertencentes às partes em até 90% das indenizações concedidas
pelo Poder Judiciário. Eloísio Maramaldo Filho teria se apropriado
sozinho de R$ 288.491,29, enquanto Caroline Gondim recebeu indevidamente
R$ 163.004,17. A quantia obtida ilegalmente pelos outros dois advogados
soma R$ 179.825,85.
As investigações foram conduzidas pelo
próprio MPE juntamente com a Polícia Civil de Trairi, através do
delegado Edmo Leite. O POVO esteve ontem na sede do Município, mas a
operação passou despercebida pelos moradores. Apenas um dos advogados,
Manoel Carneiro Filho, foi preso no Trairi, mas moradores e vizinhos dos
escritórios de advocacia disseram não ter visto nenhuma movimentação
diferente. Os demais advogados morariam em Fortaleza.
Além de
expedir os mandados de prisão, o juiz Fernando Teles determinou também,
na última terça-feira, a quebra dos sigilos fiscais e bancários, bem
como o bloqueio dos ativos financeiros dos réus e a indisponibilidade
dos bens móveis e imóveis deles. Segundo o juiz, “os fatos relatados na
denúncia são extremamente graves e potencialmente lesivos, visto
tratar-se, em tese, da existência de uma quadrilha bem organizada,
formada por advogados, que têm como vítimas preferenciais pessoas pobres
e portadoras de baixa escolaridade”.
Máfia da Previdência
Nos anos de 1996 e 1997, O POVO publicou
série de matérias sobre a “Máfia da Previdência”, que atingia vários
municípios do Ceará. Em Aracoiaba, onde foi deflagrado o escândalo,
cerca de 3.500 aposentados passaram procurações aos advogados sem saber o
que estavam assinando. Muitas ordens de pagamento foram liberadas pelo
INSS, mas poucos receberam o dinheiro.
Como
ENTENDA A NOTÍCIA
De
acordo com a denúncia do MPE, a quadrilha atuava se apropriando
indevidamente de até 90% das indenizações concedidas às partes pela
Justiça.As partes eram orientadas a manter os pagamentos em segredo.
Saiba mais
De acordo com o MPE,
os advogados Guilherme de Araripe Nogueira, José Eloisio Maramaldo
Gouveia Filho e Caroline Gondim Lima foram alvos da “Operação Trairi
Limpo II”, quando se constatou que eles possuíam envolvimento direto
com as fraudes licitatórias naquele município, tendo sido decretadas à
época as prisões temporárias e preventivas deles.
Já os advogados,
Manoel Carneiro Filho e Guilherme de Araripe Nogueira são
investigados também pela atuação ilegal de Associações Nacionais de
Defesa do Consumidor em Trairi, fato apurado perante o Conselho Nacional
de Justiça (CNJ) e que resultou no afastamento liminar do juiz
Nathanael Cônsoli em 4 de setembro deste ano.
Nesta última investigação,
segundo o Ministério Público Estadual,além de se apropriar
indevidamente de até 90% das indenizações concedidas pela Justiça às
partes, os acusados orientavam seus clientes a não revelarem o
recebimento das indenizações, como forma de ocultar os crimes.Segundo o
juiz Fernando Teles de Paula Lima, as prisões foram requeridas “a fim
de cessar a reiteração criminosa, garantir a aplicação da lei penal e a
conveniência da instrução criminal”.
Fonte: O Povo
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