quinta-feira, 16 de maio de 2013

SOCIOLOGIA – 3º ANO - CULTURA E SOCIEDADE


EEM ETELVINA BEZERRA
SOCIOLOGIA – 3º ANO – PROFESSOR DANÚSIO ALMEIDA
Cultura e Sociedade
Cultura, de forma bastante geral, pode ser definida como “a parte do ambiente feita pelo homem”. Essa definição, elaborada pelo antropólogo Melville Herkovits, nos traz um elemento fundamental para pensarmos as questões ligadas à dimensão sóciohistórica da humanidade: o fato de que o que entendemos por cultura ser, fundamentalmente, algo construído pelos seres humanos. A dimensão cultural, portanto, não é algo dado, natural, mas uma intervenção ampla dos seres humanos naquilo que conhecemos por natureza. Como somos seres vivos, partimos, obviamente, de nossa condição biológica, dependente do meio natural; entretanto, essa mesma condição é constantemente modificada pela tecnologia (entendida aqui em seu sentido
amplo) e pelo trabalho humanos. É bom lembrar, também, que a noção de cultura envolve tanto uma dimensão material, ligada a instrumentos e objetos (de brinquedos a chaves de fenda, passando pelo vestuário e também pelos alimentos que consumimos), como uma dimensão não material (as visões de mundo, as formas e padrões de comportamento, as diversas religiões). Também é importante colocar que essas dimensões não são isoladas e se relacionam a todo momento. Assim, há um fator importantíssimo, quando falamos em cultura, que é pensá-la como um elemento das sociedades humanas que articula o aspecto material e o aspecto simbólico.
Um exemplo bastante simples e facilmente observável é o uso do vestuário. Usamos as roupas por pelo menos três motivos, em maior ou menor grau: a necessidade de proteção (em áreas do mundo ou situações em que isso seja necessário), o desejo de enfeitar-nos e o pudor (a vergonha em relação à nudez pública).
No entanto, há regras para o uso das diversas formas de vestuário dependendo da situação ou contexto em que nos encontremos: no Brasil, não podemos (ou não devemos) ir a um casamento ou formatura em trajes de banho (e provavelmente mesmo que cerimônias estejam sendo realizadas em uma praia). O que determina essa atitude é o significado atribuído socialmente a esta ou aquela forma de vestuário, para além do fato de ser esteticamente interessante ou cobrir nossa nudez.
Assim, tão importante — ou mais até — que a utilidade concreta de um objeto ou utensílio cultural, é o sentido simbólico atribuído a ele. Dessa forma, ao vivermos em sociedade, partilharmos objetos, sentimentos e símbolos através dos quais construímos uma ideia de identidade. A partir desse raciocínio, podemos problematizar a noção de identidade cultural, no sentido de ampliá-la e verificar como essa visão ampliada pode ser útil no entendimento da diversidade constitutiva de todas as sociedades. O antropólogo norte-americano Ralph Linton, escrevendo sobre a difusão cultural, no livro O homem: uma introdução à antropologia, afirma que, na grande maioria das sociedades humanas, a maior parte das invenções e descobertas partilhadas tem origem em sociedades diferentes, ou seja, muitas vezes o que chamamos de “típico” ou “comum” em termos culturais pode ter tido origem em outro país ou sociedade. Num trecho bastante interessante, escreve Linton que a vida cotidiana de um cidadão norte-americano “típico” contém elementos de outras sociedades: o papel, inventado na China; o vidro, originário do Egito; os talheres, inventados na Índia e na Europa; a imprensa, processo inventado na Alemanha; o inglês é uma língua indo-europeia e o Deus cristão, uma divindade de origem hebraica.
Dessa exposição podemos depreender, de um lado, que a diversidade e a diferença são elementos constitutivos das culturas humanas e que as formas de preconceito cultural são, dessa forma, uma manifestação clara da ignorância dos processos históricos e das trocas culturais. Por outro lado, podemos verificar também que a noção de identidade cultural, como uma forma de perten- cimento a esta ou àquela sociedade específica é assim, como nos diz ainda outro antropólogo, o professor Renato Ortiz, uma “construção simbólica”, ou seja, um recorte de elementos aos quais atribuímos um sentido de nacionalidade e que pode ser modificado ao longo do tempo. É só lembrarmos que no Brasil o samba, que já foi um gênero musical ligado à marginalidade e à “malandragem”, transformou-se em um dos símbolos nacionais. E assim, hoje, “quem não gosta, de samba, bom sujeito não é”. Cultura, diferença e identidade. Caio Aguilar Fernandes Professor de sociologia no ensino médio
Disponível em: http://www.sejaetico.com.br/
Questões
01. Segundo o texto, elementos culturais advindos de outras sociedades podem ser ressignificados e tornar-se parte da cultura de uma sociedade, ou de um segmento desta. O rap, gênero musical surgido a partir de trocas culturais entre Jamaica e Estados Unidos, pode ser considerado, hoje, parte da cultura brasileira? Por quê?

02. Comente a polarização entre cultura popular e cultura erudita.

03. Diferencie cultura material e imaterial

Cultura e Ideologia
A alienação social se exprime numa “teoria” do conhecimento espontânea, formando o senso comum da sociedade. Por seu intermédio, são imaginadas explicações e justificativas para a realidade tal como é diretamente percebida e vivida.
Um exemplo desse senso comum aparece no caso da “explicação da pobreza, em que o pobre é pobre por sua própria culpa (preguiça, ignorância) ou por vontade divina ou por inferioridade natural. Esse senso comum social, na verdade, é o resultado de uma elaboração intelectual sobre a realidade, feita pelos pensadores ou intelectuais da sociedade — sacerdotes, filósofos. cientistas, professores, escritores, jornalistas, artistas — , que descrevem e explicam o mundo a partir do ponto de vista da classe a que pertencem e que é a classe dominante de sua sociedade. Essa elaboração intelectual incorporada pelo senso comum social é a ideologia. Por meio dela, o ponto de vista, as opiniões e as ideias de uma das classes sociais — a dominante e dirigente — tornam-se o ponto de vista e a opinião de todas as classes e de toda a sociedade.
A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas, dar-lhes a aparência de indivisão e de diferenças naturais entre os seres humanos. Indivisão: apesar da divisão social das classes, somos levados a crer que somos todos iguais porque participamos da ideia de “humanidade”, ou da ideia de “nação” e “pátria”, ou da ideia de “raça”, etc. Diferenças naturais: somos levados a crer que as desigualdades sociais, econômicas e políticas não são produzidas pela divisão social das classes, mas por diferenças individuais dos talentos e das capacidades, da inteligência, da força de vontade maior ou menor, etc.
A produção ideológica da ilusão social tem como finalidade fazer com que todas as classes sociais aceitem as condições em que vivem, julgando-as naturais, normais, corretas, justas, sem pretender transformá-las ou conhecê-las realmente, sem levar em conta que há uma contradição profunda entre as condições reais em que vivemos e as ideias.
Por exemplo, a ideologia afirma que somos todos cidadãos e, portanto, temos todos os mesmos direitos sociais, econômicos, políticos e culturais. No entanto, sabemos que isso não acontece de fato: as crianças de rua não têm direitos; os idosos não têm direitos; os direitos culturais das crianças nas escolas públicas é inferior aos das crianças que estão em escolas particulares, pois o ensino não é de mesma qualidade em ambas; os negros e índios são discriminados como inferiores; os homossexuais são perseguidos como pervertidos, etc. A maioria, porém, acredita que o fato de ser eleitor, pagar as dívidas e contribuir com os impostos já nos faz cidadãos, sem considerar as condições concretas que fazem alguns serem mais cidadãos do que outros. A função da ideologia é impedirnos de pensar nessas coisas.
(CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 13 ed. São Paulo: Ática, 2003, p. 174-5)
Questões

01. O texto acima trata do conceito de ideologia segundo a perspectiva de Karl Marx. Defina esse conceito de ideologia.

02. “A ideologia é uma forma de alienação.” Comente essa afirmação.

03. Explique a relação entre a ideologia e os meios de comunicação.

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