quinta-feira, 5 de março de 2015

Sociologia e Cinema na Escola Etelvina Gomes Bezerra



Segue abaixo a análise do filme do Tempos Modernos que estou passando em sala de aula para os alunos do 2º Ano A, B, C e D e 3º Ano A, B, C, D e E. Notamos que os nossos alunos gostaram do filme em questão, foi um bom aprendizado para todos e todas alunos da nossa Escola Etelvina Gomes Bezerra.
Professor Danúsio ALMEIDA
Filosofia e Sociologia.
ANÁLISE DO FILME TEMPOS MODERNOS
O filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, foi lançado em 1936, momento em que ainda se viviam os efeitos da Grande Depressão, provocada pela crise de 1929, período marcado por dificuldades econômicas, desemprego, perseguições políticas e intolerância racial. Por isso, há cenas de passeatas de trabalhadores, filas de desempregados, fome dos mais humildes e falta de apoio do Estado.
Quando o filme foi lançado, o cinema ainda era bastante recente. A maior parte das produções cinematográficas que existia até então narrava histórias de amor ou de aventura. Charles Chaplin ficou muito conhecido pela personagem Carlitos, o vagabundo, que criou em 1914. A última aparição dessa personagem e a primeira vez em que se ouviu sua voz ocorreram justamente em Tempos Modernos, a primeira película sonorizada do autor. Esse personagem e o filme têm grande relevância na carreira do autor, pois representava na época o retrato dos mais fracos, dos mais humildes, da classe trabalhadora.
Na segunda metade do século XIX, o pensador alemão Karl Marx – criador das teorias acerca do socialismo científico – já denunciava o fenômeno da coisificação ou reificação existente nas sociedades capitalistas. Segundo Marx, as relações sociais que aproximam as pessoas se transformam quase que exclusivamente em relações de troca, de interesse, gerando um processo de desvalorização e desumanização do ser humano, que passa a ser visto como “coisa”, como objeto. Tempos Modernos dialoga com a teoria, visto que denuncia a coisificação do ser humano, porque o homem não é visto como pessoa, mas como uma peça na engrenagem da produção industrial. O aumento da velocidade das máquinas, o automatismo desenfreado, a monitoração nos banheiros e a máquina de comida são alguns dos exemplos de como o ser humano é desvalorizado como pessoa.
As cenas que envolvem a invenção da máquina de comida provocam reflexões a respeito não só da supremacia da máquina e da tecnologia, mas também do impacto social provocado por ela. A crítica que pode ser constatada nas cenas é a sátira na crença de que as máquinas são infalíveis na substituição da mão-de-obra humana. Além disso, satiriza a ganância dos patrões, que querem retirar do operário até o horário de almoço. Percebe-se, ainda, a contradição social que é apresentada na invenção de novas máquinas, considerando-se a situação dos trabalhadores da época, afinal não há trabalho para todos, mas os cientistas continuam a inventar máquinas que substituem o trabalho manual de seres humanos. Sob este aspecto, o filme é atualíssimo, já que fenômeno semelhante ocorre hoje em decorrência da tecnologia dos computadores.
Essa produção cinematográfica pode ser comparada a programas do tipo reality show, como Big Brother, e ao filme Matrix – a cena do patrão que monitora os banheiros assemelha-se aos programas de reality show -, pela invasão à privacidade. Com Matrix, o filme guarda certa identidade ao imaginar uma sociedade controlada pelas máquinas e pela tecnologia.

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