A vereadora por Maceió e presidente nacional do PSOL, Heloísa Helena, disse nesta terça-feira (05) em entrevista ao programa 'Cidadania', da Rádio Jornal, que não vai apoiar ninguém no segundo turno das eleições, nem para o governo do Estado, nem para a Presidência. "Não precisa que eu oriente o povo como deve votar. O PSOL vai se reunir nacionalmente, aqui no Estado também para decidir o que é que vai fazer no segundo turno. Eu teria a obrigação de ficar como bicho do mato, gato no mato, em cima da árvore só vendo os 'cabras' grandes se batendo lá embaixo, né? Mas, o partido irá discutir qual alternativa a fazer", afirmou Heloísa Helena, na primeira entrevista depois da derrota nas urnas no último domingo, quando ficou em terceiro lugar para o Senado.
"Agora que eu vá para qualquer órgão de comunicação para indicar voto, isso eu não vou fazer. Só se eu não tivesse vergonha nenhuma na cara, nenhuma honra de estar no palanque entre aqueles que passaram o primeiro turno todo batendo em mim sem dó, sem compaixão e sem piedade, mentindo, como ladrões que são; cínicos, só se eu não tivesse vergonha como mulher, como mãe de família, passar para o bando de lá do palanque como se não tivesse acontecido nada", afirmou a ex-senadora.
Heloísa disse ainda que não está em Alagoas para participar das gangues e dos bandos de ladrões da política do Estado. "Estou em Alagoas porque eu quero estar. Até por uma questão profissional, como eu sou da Universidade Federal de Alagoas há 26 anos, quando o reitor da Universidade do Rio de Janeiro me convidou para ficar lá como professora visitante, e poderia ser feito normalmente, porque isso pode ser feito entre duas universidades federais ou até entre uma universidade federal e estadual, eu não fui porque eu quero continuar na militância em Alagoas"
A vereadora disse também que sua maior decepção foi com os adversários políticos, que se juntaram todos contra ela nas eleições deste ano em Alagoas. "Isso é realmente uma coisa triste. Eu sei que mentira repetida muitas vezes vira verdade. O então ministro das comunicações do Hitler, Joseph Goebbels, utilizou-se dessa estratégia, repetindo muitas vezes a mentira até virar verdade. Mesmo assim, você ainda tem esperança, ainda espera-se que esse tipo de comportamento nazista e fraudador da verdade não consiga contaminar as pessoas. Mas, quando isso acontece, você objetivamente segue em frente a sua vida".
Para Heloísa, a política em Alagoas ainda está muito associada ao clientelismo. "O que eu faço no processo eleitoral pouquíssimos fazem. Porque é muito fácil para os políticos andar com aquele monte de gente, aquele bando com bandeiras, e sai dando aquele tchauzinho distante e passa, mas ir de banca em banca de feiras conversando com as pessoas, aceitando a crítica fraterna, respondendo as críticas que considera injustas, são pouquíssimos que nadam livres no meio do povo".
Questionada sobre a derrota nas urnas, ela disse que ficou triste, mas já se recuperou do revés. "Foi triste, mas ao mesmo tempo eu prefiro ter vivenciado essa situação extremamente perversa do que ter me vendido, do que ter me rendido diante de tudo que estava acontecendo. Então, agora é seguir em frente. Cuidar um pouco da minha saúde e seguir em frente pra que a gente, continuar meu mandato de vereadora que pra mim foi algo muito gratificante".
A vereadora disse também que vai continuar sua militância política em Alagoas e vivendo modestamente. "Eu sempre tive uma vida simples, independente de ser senadora, ou de professora ou dona de casa. Eu sempre tive uma vida muito simples. Então, na minha vida muda nada praticamente do que eu já vinha vivenciando E agora, é continuar o meu trabalho na Câmara e continuar dando aula e lógico que também discutindo o que é que o meu partido vai fazer, apresentando a minha condição também".
Heloisa disse que conversou hoje de manhã com Mário Agra (candidato ao governo pelo PSOL) e com o padre Eraldo, seu candidato a suplente na chapa para o Senado. "Vão fazer plenária para decidir. Evidente que vai ser feito um debate antes, democrático, consultando a militância e os amigos do partido. Evidente que, no meu caso especifico, eu já disse. Eu não vou orientar os meus eleitores, porque meus eleitores não precisam de orientação. O povo não precisa que fique igual a uma vaqueira conduzindo boi".
Questionada sobre o que deu errado na sua estratégia para tentar o Senado, ela respondeu: "Não teve estratégia, não. Foi uma campanha. Tem gente que diz: e por que a senhora estava falando do Lula? Olha que coisa. Como é a televisão. Eu falei aquilo há seis anos. O povo achava que eu estava falando agora, na campanha. Agora, se alguém achar que eu me arrependi, eu não me arrependi, não. Há seis anos, quando eles estavam no mensalão, na roubalheira, tirando o direito dos trabalhadores na reforma da Previdência, a minha fala tinha repercussão".
Ela também disse que se desgastou muito para explicar durante a campanha que conseguir recursos para Alagoas, quando seus adversários diziam que não fazia nada pelo Estado. "Muitos funcionários da Infraero ficavam dizendo 'Heloísa tire o retrato aqui da placa do aeroporto porque está o seu nome na placa do aeroporto porque foi você quem mandou, por isso tá na placa de inauguração do aeroporto, eu não quis, porque eu não me submeto a esse tipo de comportamento clientelista".
No final da entrevista, Heloisa disse que continuar fazendo política, com coerência. "Vou continuar lutando, de cabeça erguida, coração feliz, consciência tranquila e pronto. Um dia mudará. Mais cedo ou mais tarde, um dia mudará. Então, é em função disso que a gente continua lutando com todas as nossas forças pra que agente possa ajudar a construir novos e melhores caminhos para nossa querida Alagoas e novos e melhores caminhos para o Brasil". (Ricardo Rodrigues - AE)
Retirado do site: http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia.phl?editoria=35&id=352232
Fonte: Danúsio ALMEIDA
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