RESENHA CRÍTICA de A Fome de Rodolfo Teófilo
Rodolpho Marcos Theophilo (1853 – 10932) – Mas conhecido como Rodolfo Teófilo, nascido a 6 maio em Salvador, Bahia. Por ironia do destino não nasceu no Ceará. O historiador Raimundo Girão observa: “ninguém – ninguém – foi mais amante da terra cearense: por pensamentos, palavras e obras”.
Rodolfo era neto de Manoel Gaspar de Oliveira, onde deste descendia do clã dos Feitosas dos Inhamuns. Era licenciado em Medicina. Seu pai, também formado em Medicina, participou da comissão provincial para combater a epidemia de febre amarela em Baturité e Aracati e do grande surto de cólera em Maranguape. Onde este aos 43 anos contraiu de beribéri. Assim, Teófilo herdou da família: um amor visceral pelo Ceará. Observador da cultura do nosso povo, pesquisador das questões da saúde coletiva e narrador nato do seu próprio protagonismo.
Rodolfo ficou órfão aos 11 anos e com a família empobrecida. Testemunhou a dor e a miséria das populações famintas. Assim, Teófilo teve de buscar seu próprio rumo. Rodolfo fala da sua memória: “Desde que perdi meu pai, comecei a lutar pela vida, ensinando em um colégio para subsistir e aprender. Os meus companheiros aprendiam e não trabalhavam para comer. Esta falta de equidade da sorte gerou o embrião da revolta, estimulou em mim o brio, a coragem pra vencer... Não estou queixando... Nada peço, porque nada preciso. Entrei na vida sofrendo. À custa de um esforço supremo, conseguir sair do sol dos desclassificados. O que mais temi na vida foi ser um inútil”.
Foi tutelado pelo Barão de Aratanha. Estudou no Ateneu Cearense, contemporâneo de Capistrano de Abreu, autor de povoamento cearense e analisado por este autor em uma resenha crítica. Em 1968 concluiu o primário e trabalha como caixeiro. Em 1872 vai para o Recife fazer preparatório à sua Faculdade Medicina. Bolsista da Assembléia Provincial se forma em Farmácia, na Bahia (1873 – 1875).
No ano seguinte retorna ao Ceará, para trabalhar de forma coletiva e de um grande coração bondoso. De cientista até romancista, foi um grande contribuidor para a nossa cultura cearense. Suas principais obras: A Fome (1890), Os Brilhantes (1895), História das Secas no Ceará (1883), Secas do Ceará (1901), Libertação do Ceará (1914) e a Sedição de Juazeiro (1922).
A OBRA
Sua primeira obra em forma de romance com um texto de 507 páginas retrata a grande Seca de 1877 em uma narração simples. A Fome é considerado um livro de ficção de todos os tempos por suas características de barbaridade e fantástico.
Manuel Freitas, fazendeiro rico ficou triste diante da situação de não chover na sua residência. Acontece que a estiagem acaba com tudo. As terras ficam secas, não suporta mais ficar nas suas terras. Retiram-se para a capital. No caminho para a capital cearense, muitos retirantes passam: fome, sede e até mesmo morte. Ao chegar a Fortaleza, Manuel passar por uma situação determinista triste: uma grande epidemia de varíola, que mataria nada menos de que um quinto da população de Fortaleza. Adolfo Caminha, outro naturalista, criticou a Fome, afirmando que: “Páginas sem estilo, sem arte, sem verdade, às vezes e sem interesse”.
Esta resenha critica vai centraliza na primeira parte do livro chamado Êxodo. Esta palavra significa fuga para algum lugar melhor. Por exemplo, o Êxodo hebraico – foi à fuga dos judeus do Egito para uma cidade melhor, a sua terra prometida. Aqui, iremos falar do Êxodo do fazendeiro Manuel de Freitas, da suas terras secas para a capital, Fortaleza.
No início, o autor aborda a seca de 1877 no bairro de Jacarencanga em Fortaleza. Uma família de retirantes com um chefe de família de cinqüenta anos tinha viajado cem léguas. O chefe triste e pensativo, chegando a Jacarencanga, não sabia o que fazer? A fome tomou conta de todos naqueles idos do século XVIII. O nome do chefe era Manuel de Freitas, rico fazendeiro do alto sertão. Casado com D. Josefa Maciel.
Durante 30 anos as estações chuvosas foram regulares, porém 1877 uma grande seca no Ceará estava prestes a ocorrer. Muitos amigos avisavam que ele deveria vender os seus gados. Assim, acontece que ocorreu a Seca: “Os campos secavam e as águas desapareciam das fontes. As searas por terra não tinham produzido uma espiga!”. Esta seca foi uma calamidade para todos do Sertão, foi então que Manuel de Freitas resolveu vender os seus escravos, gados e até mesmo a Cruz do Santo Lenho. Não agüenta mais essa situação. Convida a todos de família para emigrar para Fortaleza.
A Caravana da família Freitas segue para Fortaleza. Eram sete pessoas. Três crianças, uma de colo, Carolina, Josefa e Freitas. Assim, começaram a retirar-se em direção a Fortaleza. Passaram por situações adversas e cansativas ao caminhar por vários dias num sertão quente e seco. A comitiva chega a uma casa no quinto dia de viagem. Não tinha nenhum móvel. A sala era escura com ar fedorento de bichos. Josefa notou um ambiente triste naquela casa. A comitiva resolver passar a noite ali mesmo, então Freitas faz a fogueira para alumiar todos naquele rancho. Fecharam a porta e deitaram-se. Escutou vários gemidos á meia noite. Era choro de pagão. Era um cadáver de uma mulher branca, junto a uma criança. Em toda a sua caminhada para Fortaleza, Freitas passou por muitas situações difíceis. Assim, foi a sua fuga para a capital. Andou durante vários dias, chegou até mesmo trocar o dia pela noite. Encontrou de tudo pelo caminho. As crianças sofriam muito. Passaram fome. Uma situação de muita dificuldade. Mas, quando Freitas chega a Aronches, na Parangaba, logo Freitas pergunta em uma taverna onde fica o rumo de Fortaleza.
Foi uma viagem, onde o homem é toda hora é castigado pela natureza: a fome pela falta de condições de uma terra boa para plantar e por uma falta de condições ambientais. Aqui, notamos na obra a presença do determinismo de Taine, onde o homem é determinado pela natureza. Esta obra inserida dentro do Naturalismo, ou seja, uma obra de características naturalistas. A FOME antecede as obras do ciclo nordestino moderno como O QUINZE de Rachel de Queiroz e Vidas Secas de Graciliano Ramos. Com um enfoque no Sertão, porém ser aquele naturalista da obra de Rodolfo Teófilo.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1. A FOME, Teófilo, Rodolfo. Edições Demócrito Rocha, Fortaleza 2002
2. O Pensamento Brasileiro de Clássicos Cearenses – II B. de Menezes Eduardo Diatahy, Instituto Albanisa Sarasate. Fortaleza 2006
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