Os professores do Ceará estão em greve desde o início de agosto. Lutam pela implantação do piso salarial, uma lei federal que determina: nenhum professor da rede pública, com formação de nível médio e carga horária de 40 horas semanais, pode ganhar menos de R$ 950 por mês, com correção, este ano, passou para R$ 1.187.
Quando esta lei foi aprovada, cinco governadores entraram no Supremo Tribunal Federal (STF) – do Ceará, inclusive - questionando a constitucionalidade do piso. Essa semana, dia 24, o STF reconheceu a validade da lei.
Os professores vêm procurando negociar. Sem êxito. Daí a greve. Até agora os canais estão bloqueados. Não conseguiram uma negociação direta com o governador Cid Gomes.
Essa postura do governador precisa urgentemente ser revista. Escutar não significa capitular. Ouvir não significa ceder, mas sim estabelecer a possibilidade de diálogo.
Não deve temer. Ele não vai conversar com guerrilheiros enfurecidos, vindos da Líbia ou representantes do Al Qead... Eles são os mestres de nossos filhos. Aqueles que com toda alegria e reconhecimento deveriam estar em sala de aula passando conhecimentos – de saber e de vida – à nossa juventude.
Não podem ser hostilizados. Não podem ser desrespeitados. Não podem ser tratados de forma leviana, abusada. Merecem total deferência pelo papel que exercem na sociedade.
Se, eventualmente, os cofres estaduais não suportam estes gastos, explique à categoria.
Seja transparente. Abra as contas do Estado. Um governante não pode ter medo da transparência. Defenda quais são as prioridades de seu Governo, mas
nunca deixe de ouvir um professor. Ninguém escolhe ser professor para ficar rico. Mas por convicção e vocação. Por isso merece um salário digno pela tarefa que desempenha.
Como construir um Estado forte, desenvolvido, sem ter os professores partilhando destes sonhos? Não tenha medo
governador. O Ceará espera gestos de conciliação e de solidariedade. A grandeza não está na afronta, mas na mão estendida ao diálogo.
Antonio Mourão Cavalcante
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