sábado, 20 de agosto de 2011

Protesto de professores faz PM isolar entorno do Palácio do Abolição

As manifestações contra o Governo do Estado realizadas no entorno do Palácio da Abolição, vem causando transtornos para quem mora, trabalha, ou apenas precisa passar pelas ruas e avenidas da Aldeota e Meireles, de carro, ônibus ou a pé. Na manhã de ontem, o Comando de Greve do Sindicato dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc) realizou o segundo protesto em frente à sede do Governo, mas dessa vez a Polícia Militar bloqueou vias a até 350 metros do Palácio, causando grandes congestionamentos.

Protestos desse tipo não raro deixam a população contra os manifestantes mas o bloqueio de ontem deixou alguns moradores indignados com a decisão do Governo de isolar a área. Para a analista de sistemas, Maria José, que mora na Rua Silva Paulet, ao lado do Palácio, o governador Cid Gomes (PSB) “ultrapassou todos os limites”. Ela conta que ao tentar sair de casa, a pé, foi impedida por um policial. “Não me deixaram passar. Não dá pra sair do prédio. Não estão respeitando o direito de ir e vir do cidadão”. Maria José, que já presenciou outras manifestações no local, disse que “essa vez foi a pior”. “É um absurdo. Não precisa disso, um aparato tão grande para conter professores”.

Com as vias isoladas e o Palácio cercado por policiais militares, o Comando de Greve do sindicato Apeoc ficou reunido no cruzamento da Avenida Barão de Studart com Rua Deputado Moreira da Rocha, em torno de um carro de som. O único incidente entre policiais e grevistas foi motivado pelo posicionamento do carro de som no início da manifestação. A polícia ameaçou rebocá-lo, mas os professores resistiram.

Área de proteção

A justificativa oficial para o isolamento é baseada na proposta do Governo de criar a “área de segurança permanente e transitória do Ceará”, que abrange o entorno do Palácio da Abolição (permanente) e o raio de 250 metros de onde se encontrar o governador (transitória). A matéria foi encaminhada à Assembleia Legislativa no dia 9, mas ainda aguarda aprovação pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR).

O vereador João Alfredo (Psol) classificou como “desrespeito” o isolamento do Palácio. “Ele (Cid Gomes) já adotou o isolamento do Palácio sem a lei ser aprovada, é uma loucura isso”. Para o presidente do sindicato Apeoc, Anísio Melo, “é muita polícia para pouca negociação”.

Em greve desde o início do semestre letivo, a categoria reivindica a aplicação imediata do piso salarial e sua repercussão na carreira, mas o Governo colocou como condição para retomar as negociações a suspensão da greve, instrumento do qual o sindicato não deseja abrir mão. O próximo ato está marcado para segunda-feira às 15h, quando será realizada uma Assembleia no Ginásio Paulo Sarasate.

A Secretaria da Educação do Estado (Seeduc) informou por meio de nota que conforme foi acordado nas reuniões realizadas nos dias 9 e 10 de agosto, com representantes do Ministério Público, Sindicato Apeoc e a Seduc, “as negociações prosseguiriam (...) desde que a greve fosse suspensa e as atividades escolares normalizadas”

Bruno Cabral

brunocabral@opovo.com.br

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...