sexta-feira, 18 de março de 2011

Prefeitura de Fortaleza reprime estudantes no dia Internacional de Luta das Mulheres
Juventude
Escrito por Helena Martins   
Qui, 10 de Março de 2011 19:05
Nós, juventude e demais militantes do Partido Socialismo e Liberdade Ceará (PSOL CE), viemos a público nos manifestar em relação à agressão sofrida pelos estudantes.
Na noite do dia 08 de Março, Dia Internacional de Luta da Mulher, terça-feira de carnaval, estudantes e representantes estudantis dos Diretórios Centrais dos Estudantes da UFC e da UECE foram reprimidos pela Prefeitura de Fortaleza, através de agressões desferidas pela Guarda Municipal (GM) durante show no aterro da Praia de Iracema.
Após exibir e manter erguida uma faixa CONTRA O AUMENTO DA PASSAGEM E EM DEFESA DO PASSE LIVRE para estudantes e trabalhadores desempregados na cidade e que convocava para um próximo ato contra o aumento no dia 17/03, agentes da GM de Fortaleza tentaram tomar de maneira arbitrária a faixa das mãos dos estudantes. Não faltaram pontapés, cassetetes e spray de pimenta, quando estes estudantes resistiram à investida truculenta da GM, procurando não somente reiterar a legitimidade de sermos contrários ao aumento abusivo da tarifa de ônibus, mas também procurando resguardar o seu direito à liberdade de manifestação e livre expressão. Felizmente, com o apoio da população, e sob as vaias dos presentes, a GM teve que se retirar e os estudantes mantiveram a faixa erguida por todo o restante do show, demonstrando que tinham apoio popular e que a ação "policial" foi completamente violenta e absurda.
Longe de convir que se tenha tratado de um fato isolado, o acontecimento demonstrou o autoritarismo político da Prefeitura Municipal de Fortaleza e a sua incapacidade de diálogo com o conjunto dos movimentos sociais. Se é esse tipo de postura truculenta que o comando da Guarda Municipal tem com os estudantes, em um espaço em que é do próprio interesse da Prefeitura se promover, que será da população pobre que é expulsa pela especulação imobiliária e sobrevive na periferia da cidade?
Não é novidade esse tipo de ação de repressão. Todos os dias a juventude pobre e negra sofre com a violência policial. A Guarda Municipal se transforma em polícia política, passando a assegurar os interesses das elites ao seguir agindo de modo racista e etnocida, remontando operações de limpeza social, a exemplo do que ocorreu recentemente com os moradores sem teto da Praça da Bandeira. Demonstração disso em outros locais do País foi o recente arsenal sensacionalista da imprensa reforçando o espetáculo em que forças militares, a serviço do estado burguês, invadiram a periferia do Rio de Janeiro sob a justificativa “pacificadora”, exterminando dezenas de pessoas.
Repudiamos a ação da GM também sobre as mulheres, sobretudo em um dia que simboliza a militância em torno das lutas feministas contra a opressão de gênero e a sociedade patriarcal. Que feminismo é esse em que se aumenta a passagem, em pleno carnaval, prejudicando não só os e as estudantes, mas inúmeras mães que precisam deixar seus filhos em creches para encarar uma jornada dupla de trabalho? Que feminismo é esse que manda a Guarda Municipal agredir estudantes – mulheres e homens? Reiteramos que a luta feminista deve estar alicerçada na construção de um projeto político verdadeiramente emancipatório, que rompa com os pilares estruturais desta sociedade. Não abriremos mão das nossas pautas históricas pela ascensão carreirista e eleitoreira.
Repudiamos o aumento da passagem por compreendermos que esse aumento limita o direito de ir e vir, o acesso à cidade, pela classe trabalhadora, sobretudo em um momento em que o salário dos deputados aumenta 62% e o salário mínimo dos trabalhadores aumenta apenas 6,8%. O transporte é precarizado e o serviço de má qualidade. A realidade cotidiana é de superlotação, frota restrita e muita espera nas filas. Não há justificativa para esse aumento.
Repudiamos a aliança da Prefeitura de Fortaleza, que deveria prezar pelo atendimento às necessidades do povo, pois para isso foi eleita, com os empresários do sistema de transporte da cidade (SINDIÔNIBUS E SINDIVANS), que só visam o aumento de seus lucros e dividendos, em detrimento dos direitos de seus funcionários, trabalhadores rodoviários.
Repudiamos por fim, a criminalização da luta legítima dos movimentos sociais que se colocam em defesa dos interesses da classe trabalhadora e reafirmamos nossos laços de solidariedade com todos aqueles que lutam pela transformação dessa realidade. É para isso que existimos. É isso que dá vida e sentido ao PSOL como ferramenta da classe.
Convocamos toda a população de Fortaleza, trabalhadores e estudantes, a continuar na luta contra o aumento da passagem e a participar do próximo ato, dia 17/03, com concentração às 8h no IFET CE.
Só com a luta avançaremos.
Partido Socialismo e Liberdade – PSOL CE

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