terça-feira, 19 de abril de 2011

Construção Civil: Manifestantes entram em confronto com a Polícia

No primeiro dia de greve dos trabalhadores da construção civil, iniciada ontem, os operários percorreram diversas vias da Capital e interditaram o trânsito na Praça Portugal, onde o protesto culminou em confronto direto com a Polícia Militar. Reivindicando aumento salarial e redução da jornada de trabalho, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Fortaleza e Região Metropolitana (STICCRMF) promete novas ações para hoje.

Veja imagens dos protestos e confrontos


Já às 6h30 da manhã, os operários se articulavam em diversos pontos da Capital. Utilizando oito ônibus, eles visitaram canteiros de obras e convocaram colegas de trabalho para se dirigirem ao lugar escolhido para ser o centro da manifestação - a Praça Portugal.

Às 9h30, centenas de trabalhadores se encontravam no espaço, ignorando a chuva que caiu durante toda a manhã de ontem.

Na tentativa de atrair atenção da população à manifestação, eles interromperam o trânsito da Praça no sentido praia-sertão. Para quem transitava pela Avenida Desembargador Moreira nesse sentido, a única saída era desviar o trajeto seguindo pela avenida Dom Luiz. Em uma área onde comumente ocorrem congestionamentos, o trânsito tornou-se caótico, provocando impaciência nos condutores.

Apesar da interdição, a manifestação permanecia pacífica, até que, por volta das 10h, um motorista tentou furar o bloqueio, sendo imediatamente impedido pelos operários. Alguns deles, irritados com a atitude do condutor, arremessaram garrafas plásticas e objetos variados no veículo.

Um dos manifestantes chegou a arrancar um dos limpadores de para-brisa do carro. O condutor dirigiu-se aos policiais militares que se encontravam na Avenida Dom Luiz - os quais não chegavam a uma dezena - e relatou o caso.

Instantes depois, um taxista também tentou seguir pela área interditada. Novamente, os operários agiram, atingindo o veículo e discutindo com o motorista. Enquanto o táxi saía do local, um operário atingiu a traseira do veículo com uma bandeira, dando início ao confronto.

Apesar da inferioridade numérica, a Polícia Militar resolveu intervir. Um dos policiais imobilizou o operário e passou a levá-lo em direção à viatura. Inconformada, parte da multidão avançou em direção aos soldados. Diante de centenas de manifestantes - alguns dos quais arremessavam pedras e outros objetos -, um policial atirou para cima, inibindo os que avançavam. Após os tiros, os trabalhadores recuaram, retornando ao centro da Praça. Minutos depois, viaturas do Comando Tático Motorizado (Cotam), chegaram ao local, posicionando-se em pontos estratégicos.

Após o incidente, não houve novos confrontos. Das 10h30 às 11h20 da manhã, os operários utilizavam um trio elétrico para animar a multidão e realizar denúncias contra empresas - de não pagamento de hora extra a má alimentação. Como não houve mais tentativas de furar o bloqueio, o movimento prosseguia pacificamente. A tensão só invadiu novamente o espaço após as 11h30, quando um caminhão do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) passou ao lado da Praça Portugal.

"Vamos dar encaminhamento à nossa assembleia", gritava um dos operários sobre o trio elétrico. Ao redor da Praça, comerciantes e curiosos que acompanhavam a greve previam a intervenção do Choque. Enquanto alguns policiais do batalhão que desceram do veículo observavam a concentração da Avenida Dom Luiz, a chuva se tornou mais intensa. "Hoje, São Pedro nos presenteou com essa chuva maravilhosa", gritou ao microfone um dos operários sobre o trio elétrico, na tentativa de manter o grupo unido.

Mas a manifestação acabou logo em seguida por conta da precipitação, afirmou o assessor político do STICCRMF, Valdir Pereira. Segundo ele, muitos operários manifestaram o desejo de ir para casa. Antes que o Batalhão de Choque interviesse, o trânsito acabou sendo liberado, cerca de 15 minutos antes do meio dia, e os trabalhadores se dispersaram. Caso a manifestação tivesse se estendido por mais tempo, o local poderia ter se tornado palco de mais um confronto.

Fonte: Diário do Nordeste

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