Construir enormes edifícios, firmar plataformas em alto mar, pôr aviões pesados no ar... parece brincadeira de criança para o homem pós-moderno. Mas, quando se trata de relacionamentos, de pessoas, a história é outra. Tantas vezes se escuta que os pais perderam o “domínio” sobre os filhos, desavenças familiares e pequenas guerras íntimas... no jogo emocional existe um perde e ganha corriqueiro que vai detonando paulatinamente a personalidade, minando a sanidade e ferindo a alma. E aí explicitam-se as feridas: depressão, dependência química, fuga da realidade, fome de ser visto, percebido. Carência de amor, de respeito, de ar. Sentimentos e emoções ficam paralisados ou explodem num turbilhão de incertezas, inseguranças e recuam instintivamente como que para preservar algo de ainda oculto que resiste em se deixar conhecer. Aí temos as figuras mais paradoxas no cenário do nosso meio cultural: jovens, quase crianças que transgridem leis, que escorregam de responsabilidades, sem instabilidade nas relações de namoro, que se arriscam e que são, ao mesmo tempo e com a mesma intensidade, medrosos. Jovens quase angelicais com atitudes de vilões. Às vezes para chamar a atenção, outras para manifestar uma dor escondida que não quer ser revelada conscientemente. Estão aí por toda parte. Alguns usam máscaras de heróis. Mas na penumbra dos guetos preferem transgredir. E o amor, aquele bichinho que tantos querem, fica para depois, para quando der. Cantam apaixonadamente hinos de apologia aos mais nobres sentimentos, mas jogam ao chão tantas oportunidades... será que não é hora de um repensar as coisas, o modo de vida, a base familiar, as experiências de amizades, a estrutura social, as oportunidades que se destinam aos mais jovens? Não seria tempo de construir uma ponte segura que ligue a juventude aos ideais que estão ocultos mas que ainda vivem em algum lugar dentro de cada um? Parece que Renato Russo cantou bem o retrato dos jovens de hoje quase profeticamente em Pais e Filhos e sentenciou “ é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. Talvez realmente não haja. Então viva o hoje, ame, encontre, sonhe, realize. Dedique tempo às pessoas. Elas são o que realmente importa. Não acumule bens. Queira bem. Pintemos o muro da nossa existência com as cores do afago, do aconchego, da fraternidade... e não deixemos de olhar para o lado. Sempre tem alguém esperando uma mão que se estende para acolher e ajudar a levantar. Levante a cabeça, olhe adiante e caminhe. A jornada é fascinante e cheia de surpresas. E leve sempre a certeza de que no seu peito vão as melhores companhias. E do alto um olhar te acompanha sem descanso...
Fonte: Diocese de Itapipoca
Por: Pe João Batista Lourenço do Nascimento.
Vigário Paroquial da Catedral.
Vigário Paroquial da Catedral.
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