Quando sentimos a necessidade de nos aproximar das outras pessoas, quando queremos conhecê-las melhor e dar-nos a conhecer, estamos a responder à vocação de Deus – uma vocação que está gravada na nossa natureza de seres criados à imagem e semelhança de Deus, “o Deus da comunicação e da comunhão”. Esta frase da mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial das Comunicações chama a atenção para uma das mais importantes verdades sobre a relação da Igreja com a comunicação: Deus nos busca e nos deseja comunicativos do seu amor.
O Dia Mundial das Comunicações, este ano a 5 de junho, é comemorado no Domingo da Ascensão do Senhor, e há 45 anos, o Papa edita uma mensagem especial com um tema que põe para discussão entre os católicos. Este ano, somos convidados a refletir sobre “Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital”. A mensagem convida a cada um de nós a se fazer presente, como cristão, nas conhecidas redes sociais, às quais o Papa se refere como areópago digital, uma denominação que já vem sendo usada para fazer o paralelo entre as chamadas redes sociais – facebook , twitter etc – e a assembléia dos debates políticos da antiga Grécia.
Além disso, ele nos propõe a um pensar mais aprofundado sobre esta postura cristã nas mídias sociais, chamando atenção para alguns pontos importantes destas “assembléias virtuais”. A primeira delas são as declarações que se fazem através dos “perfis” e nelas somos chamados a nos manter fiéis à verdade, não apenas divulgando conteúdos religiosos, mas principalmente nos comportando com coerência e dando testemunho do que declaramos, assumindo posições que demonstrem a atenção, o cuidado com o próximo, a solidariedade e o amor que devemos a ele.
Além disso, o Papa deixa claro que é preciso vigiar para não acabar evitando a profundidade na amizade e nas relações pessoais de modo geral, trocando-as por relações virtuais que evitam o aconchego e a presença amiga ao lado próximo, quando ele mais necessita. A banalização da palavra “amigo” utilizada para todos quando interagem através dessas redes pode ser perigosa para uma relação tão importante quanto a amizade, que quase sempre expressa uma forma cristã de estar junto do outro e não raro compreende o que nem chegou a ser dito.
O documento não foge à tradição católica de defesa da democratização da comunicação e lembra que seria injusto deixar fora do acesso a tais meios amplas camadas da população, principalmente os jovens carentes, que não têm acesso aos meios eletrônicos para conectar-se em tais mídias. É preciso combater as desigualdades que criam ou ampliam barreiras sociais entre os que estão ou não estão incluídos nos novos circuitos comunicativos. Por isso, faz-se necessário refletir sobre essas mídias como instrumento de combate à concentração de poder sobre a informação e nunca apenas para expressar futilidades ou conteúdos narcisistas.
“Os crentes, testemunhando as suas convicções mais profundas, prestam uma preciosa contribuição para que a web não se torne um instrumento que reduza as pessoas a categorias, que procure manipulá-las emotivamente ou que permita aos poderosos monopolizar a opinião alheia”.
Se assim for, as redes sociais deixam de ser instrumentos de democratização da comunicação, pois nelas todos podemos emitir e receber a informação, ao contrário da grande mídia, onde há grandes corporações que omitem e não raro manipulam os conteúdos para direcionar o pensamento, e principalmente o desejo, dos que recebem essa comunicação.
As Pastorais da Comunicação, de todas as paróquias, capelas ou movimentos estão convidadas a comemorar este dia; convidar profissionais da comunicação e jovens que utilizam estes meios a discutir sobre o assunto, buscando formas de incluir conteúdos e valores religiosos através das redes e principalmente a fazer com que seus membros busquem posicionar-se através delas com respeito aos valores da justiça, da responsabilidade social e do amor, nos moldes que o Senhor nos ensina na Bíblia, que é comunicação do Deus Vivo com seus filhos; sua forma amorosa de ensinar-nos um comportamento de verdade coerência.
A Diocese de Itapipoca ainda não está presente nas redes sociais, mas a Arquidiocese de Fortaleza, as instituições católicas de comunicação e os padres como Reginaldo Manzotti têm centenas de milhares de amigos, e suas postagens têm incontáveis “curtições”. Algumas dessas páginas chegam a esgotar o número máximo de fãs. Quando a Igreja convida os cristãos a aprofundarem as relações nessas redes, nos intima a mostrar a coerência entre o dizer e o ser cristão. A nova comunicação passa por instrumentos virtuais, mas os valores cristãos precisam ser preservados em todos os níveis da comunicação, inclusive os virtuais. Quem tem acesso à internet deve ler pelo menos dois documentos sobre o assunto: a mensagem e o artigo de Dom Orani Tempesta, responsável pela Comunicação na CNBB. O bispo de referência da Pascom no Ceará Dom Jacinto de Brito reuniu os representantes do regional da Pastoral da Comunicação para preparar para o Dia Mundial das Comunicações e solicitou de todos empenho no fomento desta discussão.
Diocese de Itapipoca
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