E o que seria da publicidade sem polêmica? A mais recente está novamente num comercial das Havaianas (que há alguns meses deletou o umbigo da Fernanda Vasconcelos – veja aqui: http://migre.me/57eKk). Dessa vez uma francesa descobre as maravilha dos Brasil por meio de uma revista e entre elas a coleção das sandálias de borracha. Diante de tantas maravilhas ela avisa ao noivo que já sabe o destino da lua de mel do casal, mas antes de concluir a conversa ela chega na página onde mostra a beleza da mulher brasileira, estampada numa foto de uma mulher de biquíni (um bem comportado, diga-se de passagem) e muda rapidamente a opinião, disfarçando e sugerindo que o destino da viagem seja Veneza.
Mas a crise de ciúme da francesa incomodou o Sindicato Estadual de Guias de Turismo do Estado do Ceará (Sindegtur-CE) que enviou uma carta de repúdio ao Ministério do Turismo (MTur) e Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar).
De acordo com o texto da entidade “tal peça publicitária merece o nosso repúdio (...) para que o nosso trabalho tenha a qualidade técnica-profissional necessária e não esta marca simplista de mulher em trajes ousados, ensejando pensamentos variados sobre o nosso povo, sobre a nossa cultura e sobre a mulher brasileira”, relata.
Para João Ricardo Queiroz, diretor, da agência Imã, a argumentação do Sindegtur é infundada. “Nesse caso não se vulgarizou a mulher, pelo contrário, foi apresentada uma coisa clichê de maneira sutil e não machista”, aponta. Ele acredita que a culpa é da realidade e não da propaganda, que, para ele, até levanta a autoestima das brasileiras.
O publicitário Norton Falcão lembra que, na publicidade, é muito difícil escapar dos estereótipos. “O problema é como esses estereótipos são usados. No caso desse comercial não vejo problemas, mas respeito a manifestação, já que atingiu alguém”, declara. Mas segundo Elisabeth Bernardinelli, uma das diretoras do Sindegtur esse é um estereótipo que houve uma luta para desconstruir. “Vendo a propaganda, a pessoa dá risada sim, mas não percebe o que tem por trás disso: o uso da mulher brasileira”, argumenta.
O publicitário Evandro Lima também não vê no comercial nenhum estímulo ao turismo sexual. “Nem acho que coloca a brasileira como objeto sexual. Até porque sempre conhecemos as americanas pelo ‘peitões’ e as suecas pelas devassas revistas de sexo, e nem por isso se viaja para lá em busca de perversão, além disso, é um filme de veiculação interna”, explica. Já Flávio Alvarenga, presidente interino do Sindegtur, acha que “no momento em que a moça fecha a revista e diz que vai pra Veneza, ela fechou a entrada do turismo no Brasil. Estamos pedindo o cancelamento da propaganda. Gostaríamos que as Havaianas se retratasse perante o público nacional. Queremos também que a propaganda seja tirada do ar”, afirma.
O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) diz que não comenta o caso e declarou apenas que a tramitação do processo pode variar entre 30 a 40 dias. Até lá, é aguardar a próxima campanha.
ENTENDA A NOTÍCIA
A nova campanha das Havaianas traz um casal decidindo onde passar a lua de mel. A noiva se encanta com o Brasil, até ver as belas mulheres daqui. O Sindicato dos Guias de Turismo do Ceará achou que o comercial denegria a imagem do Brasil.
Henriette de Salvi
henriette@opovo.com.br
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